Certamente você já ouviu a máxima de que tempos difíceis são importantes para que evoluamos. Pois bem, com base nisso, podemos acreditar que o ano passado serviu inteiramente a isso. Durante a pandemia e todos os outros problemas que ela trouxe para nós vimos vários movimento criativos nascendo para solucionar problemas. E é por que agora, mais do que nunca, precisamos inovar no design. Sabe por que? Para criar soluções para problemas que até então não existiam. Também para solucionar problemas que sempre estiveram ali, mas que agora se tornaram latentes.
Mais do que nunca, precisamos inovar no design.
Enquanto o coronavírus assolava a Itália em março do ano passado, Carlo Ratti, arquiteto e professor do MIT reuniu mais de 100 colegas de profissão nos quatro continentes. O motivo foi o desenvolvimento de unidades conectadas para doenças respiratórias, ou seja, unidades de terapia intensiva construídas com contêineres reciclados. Toda ideia por trás desse projeto foi de dar um alívio a sobrecarga dos hospitais. A primeira unidade aberta foi em Turim, cidade natal de Ratti, em abril de 2020. Logo após, Canadá e Emirados Árabes também receberam essas unidades.
O projeto é chamado de CURA em inglês, que é sigla para ‘Connected Units for Respiratory Ailments and also’, ou, em português: ‘Unidades conectadas para doenças respiratórios e outros’. Outra explicação pertinente é de que a palavra CURA significa, cura (isso mesmo, do verbo curar) em latim.
Esse projeto, a CURA, mostrou como o design pode ser engenhoso, bem como ajudar com soluções frente a uma grande crise de saúde tal qual estamos vivenciando. Nos Estados Unidos, por exemplo, a falta de um plano para contenção da doença, tornou ainda mais importante o trabalho dos designers (qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência). Eles construíram ventiladores e EPIs mais seguros e confortáveis para trabalhadores da saúde e público em geral. Além disso, enquanto o presidente insistia em dizer, publicamente, que o vírus estava sob controle, designers criaram artes com informações com base científica. Esses layouts mostraram que o presidente, na época, estava mentindo.
Entender a importância do design é crucial neste momento
Outro exemplo de como o design pode ser um importante aliado é a Newlab, uma empresa de Design da Fast Company. Esse hub de tecnologia localizado no Brooklyn, organizou uma rede de designers, engenheiros, makers e outros profissionais. Todos foram convocados online após um pico de COVID-19 em Nova Iorque. O intuito foi criar soluções para os problemas que ocorriam: desde a falta de suprimentos médicos até a contagem imprecisa dos casos da doença. Um projeto que nasceu ali foi o Spiro Wave, um ventilador de emergência que possui menos partes que o tradicional. Dessa forma, fica mais fácil a produção local bem como a sua distribuição na cidade. Ele se tornou ainda mais importante, em tempos de crise no comércio global. Entre outras palavras, o sucesso da Newlab é a prova da colaboração criativa que valoriza pessoas acima do lucro.
Por outro lado, grandes companhias, como a Nike, também se mobilizaram. Em uma semana a empresa transformou seu métodos a fim de fabricar mais de 360 mil peças de EPIs para profissionais da saúde. Vale lembrar que o desenvolvimento de um produto costuma levar meses. Além do mais, a Nike utilizou apenas suprimentos que já possuíam em estoque. Pois, de acordo com o presidente de inovação da companhia, a ideia era resolver o problema utilizando matéria prima e ferramentas disponíveis. Desse modo, evitaram tirar recursos importantes de outros fabricantes de EPIs em um momento crítico. O resultado disso, foram protetores faciais feitos com acolchoamento e sola de tênis e cordão de calças e jaquetas.
Design para solução de outros problemas, também
Agora, imagine se todas empresas trouxessem o mesmo empenho que a Nike para outro problema que nos ameaça: a mudança climática. Bom, na verdade temos alguns exemplos disso, como a Unocup: um copo de café que se dobra na parte de cima. Com isso, não é necessário utilizar as tradicionais tampinhas de plástico.
Também temos exemplo de patins de esqui fabricados a partir de compostos de algas. O WNDR Alpine Intention 110 busca, com isso, diminuir a quantidade de plástico em aterros sanitários.
Podemos citar também, um prédio empresarial na Noruega, que gera duas vezes mais energia do que utiliza. O edifício Powerhouse Brattørkaia consegue isso graças a quantidade de painéis solares instalados.
Design no mundo pós COVID
Agora, uma outra tarefa se estende para os designers: trabalhar ao lado de políticos, comunicadores e empresas para imaginar o mundo pós COVID-19. Afinal, durante a pandemia, percebemos outras crises de saúde pública que são presentes na nossa sociedade e que precisam de uma solução.
E por fim, cabe entender que design vai muito além de algo esteticamente agradável. Mas, que ele existe para, junto com outras especialidades, criar soluções que melhorem a vida das pessoas.
Fonte: SUZANNE LABARRE / Fast Company