O que o Whatsapp e Instagram fora do ar nos ensinaram em tão pouco tempo
O que o Whatsapp e Instagram fora do ar nos ensinaram em tão pouco tempo?
No dia 4 de outubro de 2021, várias redes sociais ficaram fora do ar. Até agora não está exatamente claro de o porquê disso acontecer, apesar de ter sido, de acordo com Dane Knecht, vice-presidente da Cloudflare, um “problema de DNS”. Aquele famoso problema que quase todo mundo que trabalha em escritórios já ouviu do “carinha da TI”.
Dane Knecht escreveu o seguinte no twitter:
. @Facebook DNS and other services are down. It appears their BGP routes have been withdrawn from the internet. @Cloudflare 1.1.1.1 started seeing high failure in last 20mins.
— Dane Knecht (@dok2001) October 4, 2021
O problema e suas causas foram muito bem descritos nesse artigo do UOL.
Nós também falamos mais sobre a repercussão desse episódio nesse artigo.
We’re aware that some people are having trouble accessing our apps and products. We’re working to get things back to normal as quickly as possible, and we apologize for any inconvenience.
— Meta (@Meta) October 4, 2021
O Facebook também informava os usuários sobre a queda de seus serviços, e o problema parece ter atingido outras plataformas, mesmo que momentaneamente, como o Telegram, Zoom e a Amazon. Segundo o site Downdetector.
Whatsapp e Instagram fora do ar nos ensinam o quê?
Bem, esse episódio não é único na linha do tempo da internet. Por diversas vezes as redes sociais mais utilizadas no mundo passaram por instabilidades. Porém, dessa vez aconteceu com várias ao mesmo tempo. No entanto, sabemos que tanto o Whatsapp, quanto o Instagram e o Facebook pertencem à mesma empresa. Isso acaba tornando o episódio mais “compreensível”. É válido supor que algum problema afetou todos os domínios da mesma empresa.
Mas o fato de tantas plataformas grandes pertencerem à mesma empresa, bem como boa parte da sociedade ser dependente dessas redes nos evidencia muitas coisas.
Estamos nos tornando muito dependentes de meia dúzia de empresas do Vale do Silício
Eu pensei sobre m como estamos tão conectados, mas ao mesmo tempo tão dependentes profissional, social e emocionalmente de serviços oferecidos por meia dúzia de empresas privadas. E vejo que episódios como esse podem nos ajudar a ligar alguns alertas na nossa cabeça.
As dependências emocional e social já são amplamente coberta pela mídia global, temos muitas pesquisas sobre como as redes sociais afetam a produção de hormônios específicos no nosso cérebro, também sobre como elas moldam bolhas sociais e podem provocar vários tipos de movimentos políticos.
Ademais, não ouço falar com tanta frequência sobre a dependência profissional que as grandes redes sociais provocam, que ao meu ver tem potencial de causar um estrago socioeconômico muito rápido no mundo como o conhecemos.
Ouvi relatos de pessoas que perderam prazos de inscrições, fretes não recebidos e estornados, anúncios pausados e clientes não comprando.
Sou autônoma e perdi sim dinheiro, pois minha base de anúncios é o face e Instagram e me comunico por WhatsApp.
— Monica Machado 🇧🇷 (@MonicaMachado38) October 4, 2021
https://twitter.com/sapataocringe/status/1445161879324790785
Perdi uma bela oportunidade de aquisição pela falta do WhatsApp!! Que raiva.
— Heverson Bastos (@heverbastos) October 4, 2021
https://twitter.com/frustradana/status/1445134770766241804
Quando negócios se tornam dependentes de vendas através do Facebook ou Instagram, ou quando você coloca todas as suas energias para ativar seus clientes em redes sociais específicas, você pode estar dando muito poder à elas.
Damos à elas muito poder
Quando você constrói um ecossistema baseado em algoritmos controlados por empresas privadas de um país específico, isso acaba se tornando problemático. É uma relação onde você, pequeno empreendedor, tem pouco poder de barganha. Então, deve ficar à mercê de qualquer mudança nesse algoritmo que pode vir sem aviso nenhum.
Afinal, você investe tempo e dinheiro para aprender algo, sem absoluta certeza de que esse aprendizado vai valer a mesma coisa no próximo mês.
Claro, o Facebook também depende dos usuários. Afinal, sem eles, os anunciantes não darão mais dinheiro. Mas o que é mais fácil, algumas dúzias de homens engravatados se reunirem e decidirem mudar uma linha de código, ou bilhões de pessoas que pensam diferente se unirem pela mesma causa para boicotar alguns bilionários?
Para entender quanto poder nós damos às Bigtechs do Vale do Silício, pense em quantos aplicativos você criou conta com a opção “Logar com o Facebook”? E quanto da sua vida está salvo nas profundezas de galpões de servidores nos EUA?
Além de tudo, mal vou mencionar o que já é um jargão da era da internet:
“Se o serviço é de graça, você é o produto.”
Podemos dizer que os dados são o novo petróleo. E nós nem sequer cobramos por eles, pelo contrário.
Tenha um plano B, diversifique
Outro aprendizado é algo que a aviação e a programação já sabem a muito tempo: a redundância. Ou o famoso plano B.
Por exemplo, quando um Boeing 777 perde um motor, não significa que a aeronave vai cair. Afinal, ele foi projetado para voar com um único motor, mesmo possuindo dois.
Traduzindo em uma pergunta: o quanto a sua empresa seria afetada caso todas as redes sociais sumissem da internet de uma hora pra outra?
Se a resposta foi “Muito!”, talvez seja hora de começar a pensar em um plano B para o seu negócio. Sistemas internos, relacionamento direto com o consumidor, e mais de um canal de comunicação com seus colegas. Essas podem ser coisas que vão te ajudar em momentos como esse. Principalmente se seu negócio depende da internet.
Por fim, é claro que as redes sociais são muito úteis no dia-dia e trazem oportunidades e facilidade em se comunicar. Porém, eventos como esse podem nos ajudar a rever para quem estamos dando a “chave de casa” na internet.
Diversificar o uso das redes sociais (as que fizerem sentido para você) pode te salvar quando você menos espera!
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