Assista Ruptura (Severance) se você gosta de um bom drama de ficção científica
A série Ruptura (Severance) é a mais nova queridinha da Apple TV+. A plataforma de streamming da Apple vive uma alta importante no mercado. E não é por menos, recentemente CODA – No Ritmo do Coração se tornou o primeiro longa de uma plataforma de streamming a ganhar um Oscar de melhor filme.
Embora ainda não tenha a mesma visibilidade da Netflix, a Apple TV+ conseguiu proporcionar outra ótima experiência para a maioria dos que acompanharam a primeira temporada da série Ruptura.
E aqui nós vamos separar alguns motivos para você maratonar Ruptura:
Ruptura tem uma ótima ideia de trama
A série gira em torno de um conceito inicial: e se pudéssemos separar a nossa vida pessoal da profissional? Mas isso vêm com efeitos colaterais.
E isso vai muito além do simples conceito de não levar seus problemas pessoais para o trabalho ou vice-versa. Na série, dirigida por Ben Stiller, a Lumon, uma empresa de Biotecnologia desenvolveu um chip que é implantado em alguns funcionários. O chip tem o poder de separar o seu cérebro em duas partes: sua vida no trabalho e fora dele.
Na prática, isso faz com que os personagens que aceitam esse implante não se lembrem de nada das 8 horas em que passaram dentro da empresa. Por outro lado, quando estão trabalhando, também não se lembram nada de sua vida lá fora. Nem mesmo seus nomes, onde vivem, se têm filhos ou não.
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Paradoxos Éticos
A primeira vista, a ideia da possibilidade de não se lembrar de nada do trabalho parece até convidativa. Imagine só: você está indo para o trabalho, e ao passar pela porta, imediatamente é final da tarde, o dia de trabalho já passou, e você já está fora da empresa.
Parece uma ótima ideia não ter memórias de 8 insuportáveis horas passadas em um escritório. Mas basta alguns minutos de reflexão para entender quais sãos os problemas que começam a surgir com essa prática. O primeiro deles: o que acontece com a parte do cérebro que está sempre trabalhando?
Não precisar trabalhar parece ótimo, mas e trabalhar incessantemente? Pense agora no oposto: você enfrentou um longo dia de trabalho, não consegue parar de olhar para o relógio, e enfim se passaram 8 horas. Finalmente você vai pra casa, e ao passar pela porta, novamente, você está no trabalho. Já é outro dia. Porém, pra você é como se o tempo não tivesse passado, sua última memória é de você indo pra casa. Logo, tenho más notícias: você é a parte que ficou aprisionada no trabalho.
Isso provoca vários debates éticos na série. O que faz de você, você? Alguns pensadores defendem que são as suas memórias. Mas se você tem dois tipos de consciências que não compartilham nenhuma memória, não seriam o mesmo que duas pessoas diferentes compartilhando o mesmo corpo? Ainda mais, se a pessoa que está presa no trabalho não tem poder de escolha, já que o seu eu exterior (o seu “outie”, como são chamados na série) continua indo até o trabalho, mesmo que você não queira. Isso torna uma decisão sua ou não?
Críticas ao ambiente corporativo
A série vai além em várias discussões existenciais e sociais. Um outro problema que acontece com os personagens que passam pelo procedimento de Ruptura (separação da consciência) é o abuso empresarial. Afinal, você nunca terá memórias do que fizeram com você lá dentro.
Uma das exigências para os funcionários que passam pelo implante é não saber nada sobre o trabalho que estão fazendo. Mas isso vai além da pessoa que está fora da empresa. Nem mesmo a pessoa que está trabalhando faz ideia de qual é o trabalho, ainda mais porquê o faz.
Isso contribui com o mistério da ficção, além de dar outras camadas de interpretação à obra. Como uma analogia às burocracias do nosso mundo, muitas vezes nos deparamos com um trabalho que não cumpre um propósito específico. Trabalhamos por trabalhar, mesmo que sem exatamente entender o que estamos fazendo.
Do mesmo modo, Ruptura abusa do fato de os funcionários serem praticamente crianças emocionalmente (já que não se lembram de suas vivências pessoais), e exagera situações de abuso corporativo. Desumanização de funcionários, violência psicológica e até lavagem cerebral são práticas comuns dentro do ambiente da empresa. Da mesma forma é o que também levanta analogias sobre como o mundo corporativo trata funcionários como máquinas, e não como humanos.
Ruptura é esteticamente hipnotizante
Quando pensamos em ambiente corporativo, muitas vezes vêm aquela imagem tediosa: paredes cinzas, cores neutras, ambiente sóbrio e sem graça. Bem como papeladas, impressoras, baias separando os funcionários. Pode ser difícil deixar bonito para o cinema. Porém, são essas limitações que fazem Ruptura ser ainda mais perfeita.
A fotografia dirigida por Jessica Lee Gagné se inspira em “Office”, do fotógrafo Lars Tunbjörk. Um ensaio que retrata imagens de situações cotidianas em ambientes corporativos vistas de uma maneira absurda.
Espaços vazios desnecessariamente grandes, corredores infinitos, simetria interminável. Surreal, mas hipnotizante. Tudo isso contribui para dar uma sensação de prisão sem fim ao ambiente de trabalho de Severance.
Da mesma forma que contribui para a parte narrativa, a direção de fotografia e cenário tornam a série ainda mais imersiva.
Enfim, você pode assistir Ruptura na Apple TV+.
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