Por que gostamos tanto do BBB? Esses três filósofos poderiam explicar
Já são 22 edições do Big Brother Brasil e a casa mais vigiada do país continua nos comentários dos mais diversos grupos. Eentão surge a pergunta: Por que gostamos tanto do BBB? Esses três filósofos poderiam explicar. De acordo com o Bruno Vaiano em seu artigo para a Super Interessante.
Por que gostamos tanto do BBB? Esses três filósofos poderiam explicar
Primeiramente, o filósofo britânico Jeremy Bentham que pertencia a escola iluminista, diria que o sucesso do programa surge por causa da sensação de poder que o espectador cria sobre as subcelebridades. Isso acontece por que quem assiste o programa pode, por meio do voto, decidir quem fica e quem sai da casa. Além disso, as pessoas estão sendo vigiadas 24h, ou seja, elas não podem sair do personagem que criam para si mesmas.
Ainda, na área da arquitetura, Bentham criou algo nesse sentido com a sua prisão panóptica que consiste num arranjo de celas em forma circular e uma torre no centro, onde o vigilante fica. Desse modo, ele sozinho mantém todos os presos em seu campo de visão, embora ninguém consiga saber para onde ele está olhando. Com isso, cada tentativa de fazer algo errado é de alto risco. Ou seja, para o filósofo tolher a intimidade é mais eficaz do que colocar vários carcereiros pelos corredores da prisão.
O real e o artificial se confudem
Por outro lado, o filósofo Jean Baudrillard, um pós-estruturalista francês, fala que nós não conseguimos mais distinguir o real do artificial. De acordo com ele o programa atrai tantas pessoas por que é um cópia malfeita da realidade. Dentro da casa os participantes encarnam personagens estereotipados e agem de forma banal. Nós, do outro lado da tela, esperamos ver dilemas éticos que fazem parte do nosso dia a dia por meio das atuações dessas subcelebridades.
Um exemplo mais claro disso, pode ser uma pessoas que realiza um assalto a um banco com uma arma de brinquedo. O caixa do banco pode entregar o dinheiro e as pessoas presentes no local ficarem traumatizadas. Inclusive, a polícia pode matar o assaltante em qualquer movimento. Por fim, caso ele não dispare a arma ninguém nunca saberá se arma é falsa ou verdadeira.
Nós assistimos o reality show como se tudo que está lá fosse verdade, porém as pessoas que estão lá agem diferente da maneira que agiriam aqui fora, onde não estariam sendo vigiadas. Ou seja, podemos dizer que o programa é tão real quanto a arma de brinquedo.
Não sabemos o que fazer com o ócio
É meu povo, é exatamente isso que o sociólogo italiano Domenico de Masi sugere sobre o BBB. Para ele, pessoas que poderiam passar seu tempo livre fazendo algo criativo ou até mesmo descansando, dedicam seu tempo em intrigas e fofocas. E nós, como também não sabemos curtir o ócio nos envolvemos nessas intrigas como expectadores.
De uma forma geral, a qualidade de vida da população no mundo inteiro é melhor do que eram a dos nosso avós e bisavós. Claro que ainda existem muitas desigualdades, mas de uma forma geral nós dispensamos menos horas semanais no trabalho do que nossos antepassados. Isso se dá graças aos avanços tecnológicos que fazem com que façamos mais coisas em menos tempo.
Por outro lado, precisamos, cada vez mais de criatividade para não sermos engolidos pelas máquinas. Pois se seu avô ganhou a vida apertando parafusos, provavelmente você não fará o mesmo. E aqui encontramos um paradoxo. Cada vez mais, precisamos de habilidades como jogo de cintura, flexibilidade e criatividade. E conviver com pessoas que gostamos, ter um descanso de qualidade e desenvolver atividades lúdicas e criativas é o que nos faz desenvolvermos essas habilidades. Mas parece que quanto mais tempo livre temos, graças aos artifícios que criamos exatamente para isso, mais vivemos com falta de tempo. Isso por que esse tempo se vai em horas e horas acompanhando séries de TV, como, pro exemplo, o Big Brother Brasil.
O que fazemos com as informações que recebemos?
Por fim, o que você acha sobre a visão destes filósofos? Você concorda com algum deles? Eu, particularmente, gosto muito de ver BBB e entendo o programa como um experimento social. Além de muito lucrativo para a emissora, é claro.
E não, não acho que ninguém precise parar de ver o reality show e ir ler um livro! (kkkk) Ah! e já que estamos falando de BBB acredito que você vá gostar de ver também sobre a casa dessa edição e o caos da sua decoração.
Fonte: Bruno Vaiano / Super Interessante
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