O Implante cerebral da Neuralink: perigo ou salvação?
Há duas semanas, a Neuralink, empresa do Bilionário Elon Musk fez uma transmissão apresentando seu novo implante cerebral. A proposta do “link” é captar sinais em áreas específicas no cérebro. E a partir disso criar uma interface cérebro-máquina. O implante é um chip com 22 milímetros de largura por 7 milímetros de altura. Também vai contar com uma bateria de 12 horas de duração.
Na sexta-feira, dia 28/08/2020, em sua transmissão, a empresa fez uma demonstração de seu implante sendo utilizado em um porco. Dessa forma, durante a live era possível acompanhar a atividade cerebral do animal em diferentes ações. Veja a live:
As possíveis aplicações do Implante Cerebal
A aplicação dessa tecnologia pode ser feita de várias formas. Também pode ser útil em várias áreas. Como a medicina, entretenimento, mobilidade, informação e etc. Mas claro, como era de se esperar, o assunto pode ser muito controverso. Afinal, a atividade do nosso cérebro talvez seja nosso dado mais particular. Ainda mais, será que é algo passível de comercialização e exploração por empresas?
Além de desagradar os defensores dos animais, como a organização PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), o chip de Musk trouxe mais perguntas do que respostas. Para o médico e cientista da MindMaze e professor de neurologia na Universidade Johns Hopkins, John Krakauer. O chip está longe de fazer o que se propõe desde o início.
“Só vimos o dispositivo funcionando em uma área do cérebro. Se quisermos ler pensamentos em vez de movimentos, onde vamos colocá-los? Quantos [implantes cerebrais] vamos precisar? Como evitar que o couro cabeludo seja repleto deles? Nada foi dito sobre isso”, disse Krakauer.
Bem como John Krakauer, Andrew Jackson, professor de interfaces neurais da Universidade de Newcastle é um dos pesquisadores que não ficaram impressionados com o show da Neuralink. Em entrevista para a Science Media Center, ele afirma que a única grande inovação da Neuralink é, de fato, a transmissão sem fio de sinais neurológicos.
“As manifestações foram bastante desanimadoras a este respeito e não mostraram nada que não tivesse sido feito antes.”
Ainda assim, alguns aspectos positivos podem ser ressaltados. Bem como a possibilidade da aplicação na medicina. Facilitando o tratamento de doenças neurológicas, tais como Alzheimer, Depressão e até convulsões.
Implante Cerebral: Utopia ou Distopia?
No entanto, na minha opinião, é necessário ter um pé atrás com esse tipo de tecnologia. Mesmo que claramente possa ajudar no desenvolvimento de várias áreas. Mas assim como qualquer tecnologia, ela pode ter efeitos colaterais seríssimos na sociedade, se seu uso não for feito com cuidado.
Recentemente vimos vários episódios que incriminam empresas por fazerem mau uso da posse de dados de seus usuários. Foi o exemplo da Cambridge Analytica e a NSA. Além disso, sempre há o perigo iminente de empresas que trabalham essencialmente com dados serem hackeadas.
A grande dúvida é: como ter certeza de que esses dados não serão utilizados das mesmas formas? Ainda mais por serem dados tão “obscuros”. Que nem nós mesmos sabemos que poderão estar sendo utilizados. Dar esse acesso à empresas de tecnologia não seria deixar em suas mãos a maior arma que eles poderiam querer? Ou seja, nosso subconsciente?
Bom, talvez eu possa estar sendo meio alarmista, mas ainda mantenho minha posição.
E você? Se candidataria para receber um implante cerebral da Neuralink?