Os jovens e o mercado de trabalho
Hoje, podemos dizer com toda a certeza, pelo menos de acordo com os últimos dados que foram levantados, que uma parcela significativa dos jovens não conseguiram ingressar ainda no mercado de trabalho. No entanto, esse não é o pior dos problemas, visto que esses jovens que não conseguem emprego também não estão frequentando a escola.
É importante salientar que esses dados vão de encontro com o último volume que foi divulgado pelo DIEESE, que possuem como base de dados e de coleta as estimativas que constam na Pnad Contínua de 2021, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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Não estudam nem trabalham
Observa-se, além disso, que esse fato está ocorrendo em uma dinâmica de retomada das atividades econômicas. Na realidade, o estudo mostra que a dificuldade desses jovens de inserirem-se no mercado de trabalho é muito mais quando analisa-se categoricamente as condições sociais dos sujeitos, visto que a maior dificuldade está nos jovens de baixa renda.
O ingresso dos jovens no mercado de trabalho e as condições sociais
Inicialmente, é importante destacar que de acordo com a pesquisa que foi mencionada, ao longo de uma faixa de 15 e 29 anos de idade, a situação dos jovens muda drasticamente na transição da escola para o ingresso ao mercado de trabalho. Nesse sentido, os jovens que possuíam idade entre 15 e 18 anos, majoritariamente, frequentavam a escola de ensino regular e principalmente o ensino médio.
Depois disso, a situação que predomina nas análises é a participação no mercado de trabalho, com uma ocupação de fato efetiva ou a procura, dependendo do caso em específico. No que tange os jovens que não estavam nem estudando ou nem trabalhando representavam somente 26% do total analisado, um número de 12,7 milhões.
Desses mencionados, uma parcela significativa estava em busca de emprego, algo em torno de 10% ou 5,1 milhão de sujeitos. De acordo com esses dados que foram coletados no ano de 2021, especialmente, depois de completar 18 anos de idade, a maior parte dos jovens que foram analisados não frequentavam a escola, bem como também não estavam trabalhando ou muito menos procurando trabalho.
Na faixa que percorre entre os 15 e 29 anos de idade, existiam aproximadamente 7,6 milhões de jovens que estavam nessa condição citada. Vale salientar, fundamentalmente, que todos os jovens que completaram o ensino médio e que conseguiram encontrar empregos pertenciam a uma classe social privilegiada, não enquadrando-se nas condições de renda baixa. Ou seja, o maior problema da reinserção ao mercado de trabalho está nas camadas das populações mais vulneráveis e segregadas espacialmente.
As famílias com rendas mais baixas são mais afetadas pela dificuldade de inserção no mercado de trabalho.
De fato, de acordo com os dados que foram levantados, as famílias que possuem as rendas mais baixas são as mais afetadas nessa questão. As famílias que possuem rendimento domiciliar per capita de no máximo um salário mínimo, no que se refere a proporção de jovens que conseguiam de forma concomitante lidar tanto com a escola quanto com um trabalho, mostram-se extremamente pequenas no ano de 2021.
Além disso, a proporção daqueles que não estavam mais trabalhando ou que não estavam procurando trabalho também mostrou baixa. De fato, quando se analisa de forma conjunta os jovens que pertencem a famílias com renda mais alta com aqueles que estão na faixa de renda mais baixa, existem diferenças gritantes.
Em suma, levando em consideração todos os jovens de renda baixa, aproximadamente 19,9 milhões, cerca de 4,8 milhões não estavam frequentando a escola, não trabalhavam e também não estavam à procura de um trabalho, especialmente os jovens que possuíam idade superior a 20 anos.
Essa proporção, portanto, basicamente equiparava-se à daqueles que não frequentavam escola. Porém, existe um percentual que, embora não estivesse frequentando a escola, estava procurando trabalho para poder ajudar a família, por exemplo. Estes compreendiam 16% do total de jovens.
Porém, quando analisa-se os números relativos aos jovens que pertencem a famílias de renda alta, esses possuíam muito menos dificuldade de inserir-se no mercado de trabalho. A maior parte já trabalhava no ano de 2021. Desse modo, vale salientar que uma parte significativa, 23% dos jovens de renda alta, conseguiam frequentar a escola e o trabalho, ou até mesmo realizar ensaios de ensino superior.
Nessa perspectiva, o percentual de jovens de renda alta que não estudavam e que não estavam trabalhando ou ano procuravam trabalho também se mostra ínfima em comparação com os jovens de renda baixa. Desse modo, os dados indicam que essa parcela possivelmente estavam fazendo outros cursos, como cursos de pré-vestibular, por exemplo, por isso não estavam trabalhando ou estudando em escolas regulares.
Levando esses dados em consideração, podemos dizer que existe uma diferença de acesso que mostra-se ser influenciada por questões monetárias/financeiras. outro dado que vale a pena ser mencionado é que ao contrário dos jovens que fazem parte de famílias que possuem renda baixa, os jovens que pertencem às classes mais favorecidas possuem uma parcela pequena que não trabalhava e não frequentava a escola, além de que boa parte desses jovens também cursava ensino superior e, de forma concomitante, realizavam estágios de desenvolvimento profissional no ambiente de trabalho que foi escolhido como carreira.
O dilema da ocupação doméstica e o ato de estudar.
De acordo com os dados que foram levantados pelos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em relação aos jovens que não frequentavam a escola e que também não estavam a procura de um trabalho, entre os principais motivos que foram levantados por parte dos participantes da pesquisas, alegou-se que não procuravam trabalho pela necessidade de ter que cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos ou até mesmo de outro apresente, esses casos citados foram respondidos por 36% dos participantes de baixa renda, sendo que problemas com saúde ou gravidez foram apontados por 14% dos entrevistados.
Entre os jovens que possuem renda baixa, 40% disseram que existe a necessidade de ter que cuidar dos afazeres domésticos para que os pais possam trabalhar. Não obstante, é fundamental deixar claro que as tarefas domésticas majoritariamente são desempenhadas por jovens mulheres, o que implica não somente a uma questão sócio econômica, mas também de política e de gênero.
Por fim, podemos dizer que, com base nos dados que foram levantados, o estudo acaba concluindo que é necessário uma ampliação das redes públicas de creches e de cuidado de pessoas, bem como a urgência de oferta de bolsas de estudo que permitam a qualificação dos jovens de baixa renda. Se o jovem de baixa renda não consegue trabalho e estudo, cabe ao estado garantir o acesso a esses bens que são necessariamente fundamentais para a plena cidadania.
Sobre a DIEESE
A DIEESE é o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos, sendo esse um instituto de pesquisa consagrado no Brasil.
Através dos estudos da DIEESE, bem como assessoria e educação oriundas dessa, podemos analisar estatisticamente a sociedade brasileira por diversas variáveis.
Pesquisa e estudos como do salário mínimo nominal e necessário no pais, bem como pesquisa de emprego e desemprego (PED), Cesta Básica Nacional entre outros.
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